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A pesca de cerco da sardinha ibérica recebe a certificação de pesca sustentável do Marine Stewardship Council numa cerimónia oficial em Matosinhos

Asun Talavera

O evento contou com significativa presença institucional dos dois países envolvidos, Espanha e Portugal

Matosinhos, 16 de julho de 2025 A pesca da sardinha ibérica (Sardina pilchardus) em cerco foi oficialmente certificada segundo o padrão de Pesca Sustentável do Marine Stewardship Council (MSC) no passado dia 4 de julho. Este selo internacional, que atesta as boas práticas em pesca sustentável, foi hoje celebrado numa cerimónia realizada ontem no emblemático Terminal de Cruzeiros de Leixões, em Matosinhos (Portugal). Do lado português, o evento contou com a presença do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Ferreira Fernandes, do Secretário de Estado da Pesca e do Mar, Salvador Malheiro, e da Vereadora da Câmara de Municipal de Matosinhos, Marta Pontes. Do lado espanhol, estiveram presentes a Secretária-Geral das Pescas do Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação, María Isabel Artime García, e o Diretor Geral da Pesca Sustentável, Ramón de la Figuera Morales. O evento foi conduzido por Alberto Martín, Diretor de Programa do MSC em Espanha e Portugal.

O evento contou ainda com a presença, entre outros, de Alberto Castro, Representante da ACERGA; Miren Garmendia, Diretora da OPEGUI, em representação das OPPs Cantábrico; Humberto Jorge, Presidente da ANOPCERCO; Luís Silvério, Vice-presidente da ALIF; José Freitas, Presidente da ANICP; bem como de Cándido Rial Rodríguez, Diretor Xeral de Pesca, Acuicultura e Innovación da Xunta de Galicia; António Coelho Cândido, diretor da DGRM; José Guerreiro, Presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA); e Sérgio Faias, Presidente do Conselho de Administração da DOCAPESCA.

Esta certificação reconhece o esforço conjunto da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca de Cerco (ANOPCERCO) e da Associação de Organizações de Produtores de Pesca do Cantábrico (OPPs Cantábrico), entidades que lideraram um exigente processo de avaliação iniciado em setembro de 2024 e conduzido pelo organismo certificador Bureau Veritas.

Durante a manhã, os presentes puderam acompanhar as descargas de sardinha no porto e lota da DOCAPESCA de Matosinhos. Também participaram numa sessão interativa com o comandante de uma embarcação de cerco certificado pelo MSC, visitaram a fábrica Conservas Portugal Norte, que faz parte da ANICP, e, por fim, assistiram à cerimónia oficial de entrega do certificado – um momento que simboliza o compromisso conjunto de Portugal e Espanha com a pesca sustentável.

A cerimónia reuniu autoridades, pescadores, cientistas e meios de comunicação, marcando um ponto de viragem na valorização do peixe ibérico nos mercados internacionais.

Com esta distinção, a sardinha ibérica - espécie emblemática das tradições gastronómicas de ambos os países -, volta a exibir o Selo Azul do MSC, símbolo internacional de pesca sustentável reconhecido mundialmente da pesca sustentável, após ter perdido essa distinção em 2014 face a desafios com a gestão deste recurso. Desde então, a pesca implementou um plano plurianual de gestão, adotado em 2021 pelos governos de Espanha e Portugal, que inclui medidas como períodos de defeso e limites de captura, em conformidade com as recomendações científicas do ICES.

A frota certificada é composta por 317 embarcações – 185 espanholas e 132 portuguesas – que operam nas zonas ICES VIIIc e IXa do Atlântico Nordeste. O processo de certificação envolveu 15 Organizações de Produtores e três associações da indústria alimentar portuguesa (ANICP, ALIF e APED), num exemplo de cooperação transfronteiriça e de forte compromisso com a sustentabilidade.

Uma celebração do esforço coletivo

Durante o evento, os representantes da ANOPCERCO e das OPPs Cantábrico realçaram “a importância desta certificação como reconhecimento internacional de uma pesca responsável, comprometida com o futuro dos oceanos e com o bem-estar das comunidades costeiras. O certificado resulta de anos de trabalho, diálogo e responsabilidade partilhada entre pescadores, cientistas e autoridades de ambos os países”, afirmaram Humberto Jorge (ANOPCERCO) e Alberto Castro (OPPs CANTÁBRICO), visivelmente emocionados com o reconhecimento internacional de uma espécie emblemática para a cultura portuguesa e espanhola.

Esta certificação representa a primeira certificação conjunta entre os dois países, um exemplo de cooperação bilateral para garantir a sustentabilidade de um recurso pesqueiro vital. A gestão conjunta é a forma mais eficaz de potenciar a sustentabilidade de um recurso como a sardinha, que não reconhece fronteiras”, concluíram.

Declaração do CEO do MSC

“Quero felicitar todas as pessoas envolvidas pelo seu extraordinário espírito de liderança e compromisso, que permitiram que esta pesca emblemática e de elevado valor cultural recuperasse a certificação MSC. Os stocks foram repostos, foram implementados controlos à captura e foi acordado um plano de ação com vista a assegurar progressos contínuos nos próximos anos.

Trata-se de um feito de grande significado, sobretudo tendo em conta o estado da biomassa em 2014. Este resultado só foi possível graças ao elevado nível de colaboração e cooperação observado em toda a cadeia de valor – desde os pescadores, a indústria conserveira e distribuidora, até à comunidade científica e aos organismos de gestão de ambos os países.

Gostaria de destacar o papel determinante desempenhado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), cujas investigações e provas científicas foram essenciais para sustentar esta certificação.

Esta sólida cooperação demonstra um compromisso coletivo com a sustentabilidade a longo prazo da pesca de cerco da sardinha ibérica – um recurso de grande importância, tanto para Portugal como para Espanha, e componente vital do ecossistema ibérico-atlântico e da cadeia alimentar marinha.”

— Rupert Howes, Chief Executive Officer, Marine Stewardship Council (MSC).

"Fica aqui a prova de que as organizações são capazes e quando as organizações sabem o que querem é tudo mais fácil. Quando as organizações sabem o que querem e servem a sustentabilidade, o que é essencial, o nosso trabalho fica também facilitado.

Em 2024 tivemos muito bons resultados e este selo azul é a prova disso, um simbolo de maturidade, competência e persistência... E por isso, fica aqui a esperança de que o selo da sardinha seja uma inspiração para a sustentabilidade e para uma boa articulação da fileira em todas as espécies... Temos de tirar partido dos nossos produtos naturais, mas temos a obrigação de assegurar continuidade às próximas gerações".

— José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Pesca de Portugal.

"A sardinha é o recurso emblemático das nossas costas. Espanha e Portugal partilham o mar, mas, acima de tudo, partilham a responsabilidade de o preservar.

O cumprimento dos padrões internacionais de sustentabilidade estabelecidos pela certificação do MSC não teria sido possível sem o esforço coletivo do setor da pesca, da comunidade científica, das administrações portuguesa e espanhola, e de todos os que acreditaram que era possível recuperar o stock de sardinha ibérica e praticar uma pesca responsável.

A obtenção deste certificado não é o fim do caminho, mas sim um impulso para continuarmos a trabalhar em conjunto, garantindo que a sardinha ibérica continue a ser um exemplo de boa gestão, cooperação internacional e equilíbrio entre os pilares ambiental, social e económico."

— Isabel Artime, Secretária-Geral de Pesca, Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação de Espanha.

 

Contacto para imprensa

Asun Talavera: [email protected] | tel.: +34 676 016 630

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