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Cada vez mais consumidores mudam a alimentação por razões ambientais e para ajudar a prevenir as alterações climáticas

Os resultados divulgados no estudo de Globescan pelo Marine Stewardship Council (MSC), MSC Consumer Insights 2022, mostram que mais pessoas estão a mudar o seu regime alimentar para proteger o ambiente devido à crescente preocupação com as alterações climáticas. 

O estudo realizado pela consultora independente GlobeScan em 23 países e envolvendo mais de 25 000 consumidores em nome do MSC, a organização internacional sem fins lucrativos responsável pelo selo ecológico de produtos do mar sustentáveis mais utilizado no mundo, revelou que quase metade (44%) das pessoas que afirmaram ter mudado a sua alimentação nos últimos dois anos o fizeram por diversas razões ambientais. Entre elas, comer alimentos de fontes mais sustentáveis (23%), reduzir o impacto das alterações climáticas (23%) e proteger os oceanos (12%). 

O estudo concluiu que, entre as preocupações ambientais das populações, mais de metade dos inquiridos (53%) afirmaram estar preocupados com o impacto das alterações climáticas, seguido pela poluição/resíduos que danificam rios e riachos (39%), eventos climáticos extremos (38%) e poluição do ar (35%). Os consumidores estão também cada vez mais preocupados com o impacto das alterações climáticas nos oceanos, sendo os que têm 55 anos ou mais os mais preocupados com as questões do oceano. Contudo, quando os consumidores mais jovens (18-24 anos) são questionados, classificam as questões oceânicas entre as três primeiras.

No entanto, os consumidores sentem-se mais responsabilizados e estão dispostos a agir de acordo com a sua preocupação relativamente às alterações climáticas. Entre os que afirmaram ter alterado a sua alimentação para proteger o clima (cada vez mais referidos como «climatarianos»), 50% compraram mais peixe e marisco de origem sustentável no ano passado, em comparação com apenas 29% de todos os outros inquiridos. Mais de metade (62%) pretende comprar mais produtos do mar sustentáveis no futuro, em comparação com a metade (50%) do total. 

Quase todos (89%) os «climatarianos» acreditam que para salvar o oceano devemos consumir peixe e marisco provenientes unicamente de fontes sustentáveis. De todos os inquiridos no estudo, mais de dois terços (73%) reconhecem agora que as suas escolhas por produtos do mar podem ajudar a marcar a diferença na saúde dos nossos oceanos (um aumento significativo em relação aos 69% em 2020). 

Apesar da crescente pressão financeira sobre os consumidores, a origem sustentável e o respeito pelo ambiente continuam a sobrepor-se ao preço como motivadores das compras de produtos do mar em 11 dos países participantes: Áustria, China, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. 

Os resultados do inquérito MSC / GlobeScan sugerem que os consumidores começam a agir com base nas provas crescentes de uma necessidade de mudança. Por exemplo, as recentes conclusões do relatório do PIAC sobre a atenuação das alterações climáticas Mitigation of Climate Change https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/ incentivaram as pessoas a adotarem um regime alimentar sustentável e saudável para ajudar a proteger o ambiente. Segundo o relatório, uma alimentação de estilo mediterrânico – rica em cereais, vegetais, frutos secos, peixe e aves – poderia reduzir as emissões de carbono, evitar a desflorestação e contribuir para melhorar a saúde dos oceanos. 

Uma investigação publicada na revista Climate Change Nature mostra também que o consumo de produtos do mar gera menos carbono do que a produção de carne. A investigação revelou que, por cada quilograma de peixe capturado, são produzidos entre um e cinco quilogramas de carbono, enquanto a produção de carne vermelha gera entre 50 e 750 quilogramas de carbono por quilograma de carne. Os produtos do mar de captura selvagem são também uma fonte de proteína relativamente baixa em carbono, uma vez que a sua produção não necessita de terras nem de rações, como acontece com outras fontes de proteínas, como os ovos, o frango e a carne de vaca.

Dados MSC Consumer Insights 2022 Portugal

No que concerne particularmente a Portugal, o estudo demonstrou que os consumidores (97%) estão preocupados com os oceanos e divididos no que toca ao futuro ser positivo ou negativo, mas sentem-se cada vez mais capacitados (73%) para fazer mudanças através das suas escolhas de produtos do mar.

Sobre as ameaças aos oceanos, os portugueses indicam que o que mais preocupa atrás da poluição dos oceanos, é a sobrepesca. Esta ameaça é a segunda questão que mais preocupação causa aos consumidores nacionais de pescado, que defendem (94%) que os princípios de sustentabilidade adotados pelas marcas de grande consumo devem ser certificados por organizações independentes.

Relativamente à ação e dieta dos consumidores, um em cada quatro consumidores portugueses (23%) diz estar a comer mais pescado, e este valor é ligeiramente superior entre os maiores de 55 (27%).

O principal motivador da compra de pescado em Portugal concentra-se na saúde e qualidade, seguido pela segurança alimentar, frescura e sabor. A origem sustentável/amigável para o ambiente é o sexto factor mais importante e tem uma importância semelhante ao preço. A certificação independente continua a ser um menor motivador da compra de produtos do mar e registou uma diminuição na classificação a partir de 2020.

Sentindo-se cada vez mais capacitados para fabricar mudanças através das suas escolhas de pescado, os consumidores portugueses consideram que as entidades da certificação contribuem significativamente para a proteção dos oceanos (melhoria da percepão das entidades da certificação enquanto actores na protecção dos oceanos 44%).

O 50% dos inquiridos está disposto a comprar pescado de uma fonte sustentável, com quase um terço a dizer já ter feito esta mudança no último ano. Ao mesmo tempo, um 84% dos consumidores portugueses quer que as empresas descrevam mais sobre a sustentabilidade dos seus produtos.

Focando no MSC, o conhecimento do selo azul do MSC registou um ligeiro aumento em Portugal desde 2020 (subiu de 41% para 43% este ano) e o 44% tem algum conhecimento do programa e mencionam certificação ou sustentabilidade (este valor aumentou de 36% em 2020 para 44% em 2022).

Neste estudo podemos ver que, a confiança no MSC é elevada entre os consumidores de produtos do mar com consciência de MSC (79%). A probabilidade de recomendar entre os consumidores conscientes do MSC aumentou a partir de 2020, com 70% dos consumidores portugueses a recomendarem produtos certificados pelo MSC (acima dos 65%).

Globescan diet climate change 2022_PT
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